Hermanos

*por Douglas Beltrão

Quantos amigos você já perdeu? Não no sentido funerário da expressão, mas quantas pessoas que um dia já foram dignas da tua amizade e carinho você já não encontra mais? Aquele seu amigo mais íntimo há 5 anos atrás, onde ele está agora? O post passado acabou de forma inusitada. Haveria mais a ser escrito nele, mas a palavra 'falta' no último parágrafo não foi digerida muito bem por mim. Ela me lembrou deles.

Podia chegar aqui, ligar o modo 'clichê' e começar a exaltar o valor das amizades. Maaaaas...tá ok, vou fazer isso.



Os amigos mais queridos eu já encontrei e não espero encontrar outros nem tão cedo. Não vejo nas novas tantas amizades que tenho plantado nos últimos tempos a tenacidade e firmeza (?) dos 'Meus Das Antigas'. Assim como você, eu tive uma turma, a melhor turma de todas. As melhores pessoas estavam do meu lado, não podia querer companheiros melhores pra conviver do que eles. Éramos desenrolados e descolados como esse pessoal nas fotos (?!).
3,4 caras; 3,4 meninas; 1,2 casais; 4,5 solteiros. Era pra ser assim pra sempre. Nada separaria a nossa turma, a nossa gente. Nunca 'nada' foi tanta coisa...


O negócio aqui é a falta dos amigos que não temos mais. Não é que não temos mais, veja bem, os temos sim, o que não temos é o mesmo contato que tínhamos tempos atrás. Uma falta de tempo aqui, um compromisso ali e segue-se o curso natural. Cada um vai pro seu lado, os contatos começam a falhar. '(...) e a gente esquece sabendo que está esquecendo.' Não. Não esqueço! Mas se antes nos reuníamos uma vez por semana, hoje só nos vemos de ano em ano, nos aniversários de cada um. Ficamos felizes quando nos esbarramos em um ônibus qualquer.


Nem venham frescar, vocês devem saber do que eu tô falando. Isso aqui não é um desabafo único nesse mundo. Por exemplo, moro a 3 quadras de um parceiro de mais de 10 anos e fazem mais de 3 meses que sequer tenho noticias dele. Não, não é absurdo. Simplesmente acontece. Vai ocorrer com você também se não tomar cuidado. O tempo cuida disso.

Se nos separamos por desavenças, veja bem, há tempo de rasgar e tempo de costurar. Se o talho for grande demais, esqueça, não existe volta. E esquece o tempo também, esse só tem a fama de que cura tudo. Mas se não, guarda lá no fundo aquele desejo: 'Um dia nos reencontramos atravessando a rua, na parada do ônibus ou no supermercado'. Nada apaga esse tipo de anseio. Por mais que as desavenças tenham sido por tua causa, ou não, por mais que as palavras que te foram ditas ainda machuquem, por mais que desculpas não tenham servido...ainda sim pode haver volta. "Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente"



As coisas mudam, as pessoas também, cada um escolhe um lado pra ir. Mas o que fica, o que fica mesmo são as lembranças. As fotos - quem nunca sorriu sozinho vendo fotos antigas?

p.s Itálicos de Caio Fernando Abreu.
p.p.s Dawson's Creek nas manhãs de sábado da Globo te lembra algo?

Aqui novamente, sem nada de especial


* por Douglas Beltrão

Ok, senhoras e senhores que passam por aqui, como vão suas vidas? Depois de praticamente dois meses sem datilografar nada entre as tags html deste sítio, aqui volto eu. E vou logo dizendo: hoje não invejo os que tem tempo de sombra. Mesmo quando o que me impediu de escrever nesse tempo foi a falta dele. (Claro, confessar que também foi a falta de inspiração não ocorrerá nunca.)

Pois bem, nesse intervalo consegui um emprego, fiquei doente por duas semanas e meia, me lasquei na faculdade, mas estamos bem. Poupem preocupação - com se as houvessem - que os poupo dos detalhes sem graça. Vamos ao que interessa, ao que descobri:

1º) A vida tem mais graça quando não passamos o dia sem fazer nada de útil, quando não sentamos na frente da Tv 17 horas seguidas pra se entreter com lavagem que despejam, quando não ficamos na internet vendo profiles alheios e postando fotxiinhas lindhinhax prox miguxos do nosso coraxão comentaarem. Ahh, como é legal a correria de uma vida sem tempo pra nada,com prazos, datas e horários apertados. Sim, 42 minutos pra estudar isso, 6 minutos pro banho, 8 minutos e meio pra almoçar... Não sei se acontece com vocês - talvez não, por serem jovens OU preguiçosos, talvez sim, por já serem responsáveis OU por que querem - mas o fato é que pra algumas pessoas a sensação de utilidade fica próxima disso. Parece que nos sentimos virando gente, gente de verdade, quando assumimos responsabilidades.


Mesmo que responsabilidades demais custem sacrifícios? SIM. Se antes eu assistia um filme por dia, se podia passar uma tarde inteira sem fazer nada só curtindo minha digníssima companheira, hoje não dá cara. E não é má coisa. É a vida, Watson. É o que chamam de ciclo natural, outros de amadurecer. Pessoas podem esquecer dos velhos bons hábitos, deixar bons costumes por um tempo por conta das prioridades, não porque já não gostam mais. Escolhe-se tomar esse rumo, uns mais cedo outros mais tarde. Cada um com seu cada qual. Mas sabe o que é melhor? Chegar no fim do dia em casa dizendo que tá acabado e no fundo sentir aquele dever cumprido com si mesmo e com os outros. So buddy, podemos correr mas sempre haverá a essência dentro de nós.


2º) Ok, este blog evitou muito falar sobre relacionamentos. Falamos meia ou uma vez, mas como são impressões pessoais que transcrevemos, deixa como tá. Afinal relacionamento tá ligado a sentimento e "Sentimentos são desordens endócrinas.(...) Se os sentimentos fossem plantas, serias o Jardim Botânico". Mesmo que na opnião deste que escreve, o melhor texto produzido aqui tenha sido Este. Isso mesmo, o primeiro post foi o melhor e até hoje nada foi tão bom e natural quanto ele, na minha opnião. Mas as coisas naquela época eram outras. Havia uma equipe de duas meia jornalistas e um meio engenheiro para publicar nessas bandas, i'd changed too. Enfim [1], tanta coisa mudou que afirmo sem dúvida que os utimos 6 meses foram [eufemismo on] desconcertantes. Enfim [2], como o DeModoInútil hoje só sou eu, posso falar em nome dele: O DeModoInútil chegou a decisão que vai continuar evitando falar de relacionamentos. Por enquanto...


3º) No mais, descobri que a pior coisa é ter catapora depois de velho, que trabalho dignifica, que dedicação e compromisso com a faculdade não deve faltar nunca, que podemos nos privar de tempo livre hoje em prol do amanhã, que romance de vampiros de verdade é Entrevista com Vampiro das Crônicas Vampirescas de Anne Rice, que um filme por dia faz falta sim, que agora, depois de ter escrito 'falta' na sentença anterior lembro que alguns amigos fazem MUITA falta, que o post termina aqui.



p.s Não, não sou fã do Coldplay. Aquilo só é uma frase sobre a Esperança guiando o povo francês na revolução, ou não. Sim, é o arco do Triunfo. Sim, é um outro antigo banner.

Quando 'lar' é só um sentimento

*por Douglas Beltrão

Já dizia Caio Fernando Abreu : "...cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas." Tenha coragem meu jovem. Saia de onde você está! Mova-se! Não haverá nada de bom pra você que cria raízes. Que se enterra nessa sua cidade feito batata-doce e deixa oportunidades escaparem feito galinha de capoeira no terreiro. Nem me venha com desculpas fuleiras do tipo: 'Aqui é onde minha família está' ou 'É onde fui criada'. Báh! Eles estarão contigo aonde tu fores, teu lar te acompanhará assim como eles. Lar é só um sentimento. Lar é onde tu se encontra, entende? Não fisicamente, é onde você encontra a si mesmo. Sacou, Watson?

Não sei se é o furor clichê da juventude, mas a cada dia que passa acredito que cada dia que passa sem uma nova descoberta é um dia perdido. Também não sei se é a idade passando, mas é um puta desperdício você aí...15, 20 ou 25 anos e todos os dias fazendo as mesmas coisas, falando com as mesmas pessoas, pensando (pensando?!) nas mesmas coisas. Eu não digo...Non ecziste mas a inquietação dos 1960's e 1970's.

É medinho, é?! Medo do que tu não conheces? Medo de se encontrar num lugar estranho com pessoas estranhas?! Cara, vou te contar uma: Esses dias, fui pra um festival de música 'alternativa' cheio de gente 'alternativa' com minha digníssima companheira. Pois bem, sabe um peixe fora d´água? Ela era esse peixe. E adorou! Garanto a você que pra ela, aquela experiência foi muito boa e só a enriqueceu culturalmente em todos os sentidos. Tenha medo não! Saia daí. Viaje, experimente, leia, quebre a cara, se mude, visite, peça pra passar uns dias na casa daquele amigo!

Ou é acomodação?! É?! Daqui a um tempo quando você não poder mais se desenterrar, quando se tornar atendente de butique ou um funcionário público qualquer sem iniciativa e resignado com sua situação e salário, deus te dê uma consciência leve. Por que são nesses momentos, quando a juventude acaba e oportunidades são raras, que neguinho vem dizer que devia ter aproveitado melhor a vida. Agora soh cantam Epitáfio dos Titãs. =P A bronca é que tu não quisesse fazer nada, infeliz! Não quisesse sair atrás de algo novo e bom pra você.

Conheço pessoas que, sério, elas sim sabem dar conta da dádiva que é uma vida bem vivida. Elas sim, não se enterram até os olhos em casa. Elas levam seu lar no coração. Elas são do mundo e pro mundo. Elas, ao contrário de você, não vão se tornar velhas amargas por não terem vivido. E voltando a minha digníssima companheira, com ela vi que não se deve medir esforços pra viver. Virar-se só, meter a cara no mundo, gritar nas margens do teu Ipiranga e tudo isso com responsabilidade...Não se deve prender-se patologicamente a sua família ou cidade. No fritar dos ovos elas sempre vão estar ali pra te acolher como um bom filho.

E pra encerrar com mais Caio: "É difícil aprisionar os que têm asas"

p.s. Pretensão minha criticar teus modos, né?! Maaaaaas, HEY! Esse sou eu e a idéia dessa joça chamada blogsfera é essa. E sem mais mimimi.

p.p.s. A imagem é o 1º banner que fiz pra 1ª versão deste blog. O layout original mudou tanto que nem imaginam. Na verdade, muito mais coisas mudaram não foi, nega?

Vergonha, do latim 'verecundia'

*por Douglas Beltrão

Imagine que você tem uma vida boa. Mulher, filhos, bom emprego e uma boa casa. Só que na sua casa há um quarto. Um quarto escuro e antigo e lá dentro vive um monstro trancado. Um monstro horrível que você pariu. Ele não precisa comer ou beber. Ele só existe e assombra. Todos na sua casa sabem da existência dele, mas o ignoram. Vivem suas vidas na mais perfeita calma e aparente harmonia. Mas no fundo eles sabem, VOCÊ sabe por mais que o negue. E isso não te abandonará por toda vida.

É mais ou menos assim que imagino como certas pessoas convivem com seus segredos mais íntimos. Muitos devem ter um. Em algum momento da sua vida te fizeram ou já fizeste algo que te envergonhará pro resto da vida. Sem pensar ou consciente, por ser jovem e imaturo ou maduro e equivocado. Em Dawson's Creek, uma das personagens, Jen, mete com metade de Nova York e é flagrada na cama dos pais por eles, e ainda bêbada e drogada. Amir e Hassam dO Caçador de Pipas são perseguidos pelas conseqüências da violência contra Hassam a qual Amir se omite em impedir. Em Sobre meninos e lobos o personagem de Tim Robbins é seqüestrado e abusado por falsos policias, deixando seqüelas mentais até o fim de sua vida. E Chuck Palahniuk, bem... Esse cara é doente. Ele é o autor de livros como Clube da Luta (sim, o filme veio de um livro) e de um conto asfixiante: 'Guts'

Guts - 'tripas' - narra a estória de três garotos que fodem com suas vidas e por tabela a de suas famílias. Abalam a estrutura familiar com ações que...bem...er...'Alguns atos são baixos demais para receberem um nome. Baixos demais para serem discutidos'. Cara, é forte, absurdo, doentio, nojento, insano. Você foi avisado. Se quiser leia aqui, aqui ou aqui.

Pelo bom Deus, Guts é só um exagero. O que causa vergonha geralmente não chega a níveis como esses (ou não =]). Mas tô aqui pela vergonha alheia. Da esposa, do marido, dos filhos. Suportar os segredos dos outros é complicado. Entender e condenar ao mesmo tempo é mais ainda. Nesses casos descartamos o tempo, não é? Esse, como dito no post passado, não cura nada. Cabe ao Amor e apreço passar por cima. Todos são suscetíveis a erros, assim, é ilógico e injusto determinar o caráter de certa pessoa só por uma ação falha do passado. Ok, se são ações que determinam quem somos, coloquemos na balança as merdas que tu fez e os acertos todos. Quem ganha?

Maaaaaaas nem todos concordam com isso. Aqui, empregariam a seguinte sentença: 'Entendo, acredito nas desculpas, mas não esqueço'. Conviver com um indivíduo e seu 'monstro' exige imensa maturidade. Sabemos que ninguém está livre das influências do passado, psicólogos dizem isso todo o tempo na TV e eu concordo. Concordo, mas há influências e influências. Na maioria das vezes vacilos são superados tranquilamente e em outras não... Nem arrependimentos são suficientes, nem promessas de melhora e 'nunca mais vou fazer novamente' apagam certos atos.

No mais, é o seguinte:
1º Ninguém está livre da influência do passado;
2º Só você sabe se falhará novamente e por isso tente poupar pai, mãe, irmãos, mulher ou marido;
3º Tirando o pessimismo, 'Há um jeito de ser bom de novo'.

Da Raiva

* por Douglas Beltrão

Posso ser chamado de louco mas acho legal sentir raiva. Na verdade gosto da sensação da adrenalina que fica depois de um acesso de raiva. Ok, poderia sentir isso pulando de pára-quedas ou ficando no meio de um tiroteio, mas como não pretendo me arriscar entre a vida e morte eu fico com a raiva.

Deixa explicar melhor. A raiva é a segunda emoção mais comum entre nós, bípedes mega racionais. Ficando só atrás do medo, o qual sentimos pelas mais diversas situações (o que me lembra que conheço alguém que tem medo de borboleta ¬¬). Já a raiva, na maioria das vezes, vem de uma inquietação diante a noção de perigo real ou imaginário ou quando sentimos que nosso poder pessoal pode ser abalado quando posto a prova.

Vê só: o baixo nível de serotonina faz com que pessoas agressivas apresentem baixa atividade dos lobos centrais do cérebro, responsáveis pelo bom senso e a inibição de atitudes impulsivas. Uma prova parcial disso é dada pela constatação da dificuldade cerebral ou de inteligência nas pessoas cuja personalidade é caracterizada por seu mau humor e pela raiva. Traduzindo: o cara quando fica puto fica burro e cego. Sem contar que liberamos adrenalina a qual comprime os vasos cardíacos dando chance pra gente ter um troço e nos deixando doidão.

Viremos a mesa. Podia falar da raiva que me provocam ou da que te provocam. Que tal da raiva que provocamos?! Ah, vai, diz que nunca fizesse merda e emputesseu alguém? Diz que nunca viu teus pais com raiva de você ou a namorada se segurando pra não te bater?!

Do alto da minha graaaaaande experiência, acredito que raiva paterna você ganha fácil, fácil quando não pensa em ter responsabilidade com teu futuro. Se eles vivem te cobrando boas notas, dedicação num cursinho pra entrar na faculdade ou pra passar num concurso e tu nem liga pra isso, cara, um dia vai ficar muito ruim pro teu lado.

Geralmente a raiva vem acompanhada da decepção. No caso dos pais isso é bem mais freqüente. Filhos são cobrados a toda hora por eles. Exigem maturidade de crianças e responsabilidade de irresponsáveis. Quando não conseguem, disfarçam a raiva com uma pura decepção. 'Nós te amamos e nunca vamos sentir raiva de você'...mentira. Se tu fica em casa o dia todo sem fazer nada de útil, vagabundo, eles tão te vendo e um dia vão descontar de uma vez toda a raiva e frustração acumulada. Se você, depois de grande, ainda só pensa em festar e relaxar, espera só...pais decepcionados são pilhas de raiva prontas pra estourar a qualquer momento. Lógico, isso quando eles te querem o melhor e pensam no teu futuro por ti. Eu preferia a decepção à falta de preocupação e indiferença...=S

Já a raiva do parceiro vai no mesmo estilo. Só que aqui a gente amplia pra diversos outros tipos. Ciúme da atual com o ex (o que não deixa de ser raiva), raiva daquele que não te leva a sério e te enrola, daquela que te enfeitou a cabeça bonito, raiva de quando se é trocada... Chifrou? Enrolou? Você já deve ter causado algo assim a alguém. Saiba que esse alguém em algum momento de sua fúria te desejou o que há de pior. Durma com isso ou nem ligue. Nem todos têm consideração pelas conseqüências de seus atos nos outros, certo? Já vi pessoas caírem de cama, passarem mal por conta de alguma raiva. Acredite, é foda ser a 'causa'.

No primeiro post deste blog falamos das projeções. Quando elas acabam pode ainda ser bom ou muito² ruim. Final de projeção muitas vezes gera raiva. 'Ele tá ficando muito chato, não aguento as manias e brincadeiras sem graça': raiva. 'Tá muito frio, sem emoção, sem tesão, sem paciência pra ela': raiva. 'Ela fez novamente aquilo, estragou a chance que dei, não dá mais': raiva. Se te magoaram, já era. A pessoa que o fez vacilou, e se não reconheceu, xau pra ela e bejunda. Maaaas, não é tão simples assim, Watson. Dizem que raiva, decepção e mágoa são coisas que só o tempo cura. NÃO...na minha opinião o tempo nunca cura nada, ele só desloca o incurável do centro das atenções.

Dia desses senti uma raiva fr0m h311. Soquei parede, xinguei a puta que pariu, me senti o próprio Michael Douglas em Um dia de Fúria, coração a 120 e no fim de tudo me senti foi bem. Não, não foi SÓ a adrenalina do primeiro parágrafo. Percebi que sentir raiva é relativo, fazer com que ela nos afete é mais opcional ainda. De onde eu venho havia um cara que me ensinou isso: gerar raiva é ver esse sentimento crescer e no fim ser alvo do mesmo. Tudo aqui vai em ciclos. Não a cause muito menos a sinta.

p.s. Só pra ilustrar, poster de Um dia de fúria ;)

Where'd all the good people go

*por Douglas Beltrão

Recentemente esse que vos escreve tomou conhecimento de uma nova rede social. Uma rede de relacionamentos decente chamada Skoob. "O skoob foi construído ao som de "Good People", Jack Johnson, e pretende ser a resposta à pergunta feita na música: 'Where'd all the good people go?', 'Para onde todas as pessoas boas foram?'. Aqui é o lugar para onde as pessoas boas foram e onde elas se encontram. O skoob é o local onde você diz o que está lendo, o que já leu e o que ainda vai ler, seus amigos fazem o mesmo e assim, todos compartilham suas opiniões e críticas". Enfim, interagem entre si tendo o gosto pela leitura como intermediário. Assim, une de forma inteligente a interatividade da web 2.0 com a tradição da boa leitura. É isso ai... =) Ein?! Mas que tradição?!

Tradição o escambau, vamos concordar?! De acordo com uma pesquisa do Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê cerca de 1.8 livros por ano. Média muito baixa comparada aos 10 livros por ano dos franceses, por exemplo. Sabe o que são 1.8 livros? Na minha opinião um livro de auto ajuda qualquer e um romancezinho água com açúcar que não foi concluído. Radical? Tá, posso até estar sendo. Mas isso não anula o fato que a maioria da população nacional tem um bloqueio para literatura. Perguntados sobre o porquê de ler, cerca de 26% dos entrevistados disseram que leitura significa conhecimento. O mesmo percentual não responde a pergunta ou não sabe opinar. Putamerda, uma entre cada quatro pessoas não faz a menor idéia sobre o papel da leitura. WTF?!

Cara, muitos fatores contribuem pra essa ignorância. Fatores econômicos até. Estamos num Terceiro Mundo que nem o Esqueleto quer invadir, não temos acesso a bibliotecas razoáveis, temos que desembolsar mais de 25 reais pra comprar um bom livro, blá, blá...Maaaas, a questão é social e vem lá de baixo.

Paradidáticos. Esse costume que as escolas têm de enfiar goela adentro os 'clááááássicos' da literatura brasileira é de lascar. Aposto que muitos aqui não conseguiram passar da trigésima página de Macunaíma ou concluir Dom Casmurro (sim,elachifrou!). Quando um(a) aluno(a), que o único contato com leitura se resume a Playboy ou a Capricho, abre por obrigação uma obra como Sagarana, no mesmo instante, forças do além cauterizam minuciosamente a parte do seu cérebro capaz de sentir prazer naquele ato. Tem que haver toda uma preparação, caro Watson.

Leitura é um processo lento que tem que vir da infância e de maneira fácil. Tem que ser influenciada pelos pais, pelos educadores. A criança tem que ver o exemplo de perto pra absorver por osmose. Monteiro Lobato tá ainda por aí e nunca foi abandonado. Os Monstros da Academia criticam tanto autores como Paulo Coelho por simples inveja (ui!). Paulo consegue o que todos aqueles autores presentes na Semana de Arte Moderna nunca conseguiram: prender leitores diante de suas páginas sem nenhum pingo de sono. Da mesma maneira, Harry Potter vem criando nos últimos dez anos uma geração cada vez mais interessada em viajar na tinta e papel. Concorde quando digo que o bruxo tem um valor imenso para as próximas gerações. Ele foi o primeiro a impulsionar de forma correta e agradável o gosto pela leitura de muita criança que hoje em dia devora livros e mais livros. Admito, e isso vai doer mais em mim do que em vocês, que a saga de Crepúsculo está no mesmo caminho e agradeço a ela por tirar esse povo todo - leia-se meninas frescurentas e/ou sonhadoras - da frente da TV por uns instantes. O vampiro purpurinado tem lá seus méritos afinal.

Fui criado com livros servindo até de calço pras mesas, nem todos tiveram essa sorte e as conseqüências disso. Mas iniciativas como o Skoob facilitam o acesso à literatura imensamente, lá pessoas podem até trocar livro entre si. E outra, a internet ta ai e as cópias em PDF também. Tudo é válido quando precisamos formar urgentemente cidadãos críticos e que saibam ao mínimo o papel da leitura, interpretar um texto ou escrever de forma decente.

p.s No skoob
p.p.s Só pra constar, já repararam na cara de meFoda! que a Bella tem nos filmes?! oikristenstewart! =P

O quanto da Natureza Selvagem se perdeu


*por Douglas Beltrão

Eu não vivo como deveria. Você não vive como deveria. Temos sérias chances de deixar de viver sem Viver.

Definitivamente esse tipo de pensamento não estava rondando meu cérebro antes de assistir, com dois anos de atraso, Na Natureza Selvagem (Into the Wild). Dirigido pelo fodão Sean Penn, ele nos apresenta a Chris McCandless. Um jovem vindo de uma família desestruturada, recém formado, ingênuo, inundado de Tolstói e Thoreau que abandona tudo para partir em uma viagem pelo México, EUA e Canadá até o Alasca em busca de nada mais, nada menos que Viver 'in wild'.

Um típico roadmovie onde o personagem principal em dois anos anda por mais lugares que eu nos meus vinte, conhece muito mais pessoas marcantes que eu e você e descobre como alcançar a felicidade isolado em pleno inverno canadense. O foco desse texto não é o brilho óbvio de como alcançar a felicidade e sim o quanto de 'selvagem' não temos.

A pergunta é 'Quantos'. Quantos lugares novos você conheceu no último semestre? Dois, três no máximo? Quantas pessoas realmente interessantes passaram por você no ultimo ano? O quanto você se permite?

A maioria das pessoas passa pela juventude adestrada como animais, que só deitam, rolam e fingem de morto. O sentimento aventureiro dos jovens hippies que se alastrou no anos 60's e 70's, a revolta sem/com causa dos punks da década de 80, o grunge e a fuga/busca da melancolia nos anos 90's sequer afetaram a geração do novo milênio. Os anos 2000 não formaram pessoas tão interessantes quanto as décadas passadas. Somos uma geração sem grandes guerras, sem ídolos e sem propósito. Uma geração que vive embaixo da saia da mamãe. Os jovens tem como cinema 'As Branquelas' e 'American Pie'; literatura é resumida a Crepúsculo & Cia; a internet, maior meio de comunicação e conhecimento, se encolhe num orkut.com; e a televisão... bem, nem precisamos comentar (malhação,essafoicomvocê).

Muitos acreditam na fórmula mágica do Futuro Seguro: Faculdade+Emprego+Casa+Família = Felicidade. Maaaaas, bravos e poucos são os que não se afetaram por esse sedentarismo mental. Poucos os quais enxergam que a única forma de virar gente de verdade é experimentando. Experimentando a curiosidade, a dúvida, o desconhecido, o selvagem, o eu. Veja bem, ninguem nega a lógica dA Fórmula do Futuro Seguro, mas só derivamos dela a necessidade do Experimentar. Do ver, do ler, do sentir, do ouvir e do se desprender.

Exercício mental: Quantas coisas novas você aprendeu nesses meses? Falo de coisas úteis, 'orgulhantes'. Quantos livros você já leu? Quantos objetivos você tem hoje que decididamente vão ser alcançados, custe o que custar? Quantas convicções morais você tem hoje, no auge dos seu 15, 20 ou 30 anos? Quais são seus ídolos? O quanto você pensa?

p.s. Não confunda o que se diz aqui com falso moralismo ou falsa indignação. Tudo não passa de um post pretensioso.

O que é o Cinema afinal?


*por Douglas Beltrão

"Bem vindo ao mundo espetacular do cinema!" É com essa frase que o RapaduraCast traduz nosso sentimento ao adentrar naquela sala escura, fria e cheirando a mofo (tá, nem todas fedem). Por muito tempo tentei definir por que nos atrai tanto os filmes. Nunca cheguei a uma conclusão satisfatória até descobrir que Cinema é a segunda indústria mais rentável do mundo, perdendo apenas para a de Jogos (hail, Guitar Hero!).

Ora, caro Watson, somamos dois+dois e encontramos uma resposta: entretenimento. Essa é a proposta dos filmes e jogos, correto?! Não sei. Qual a definição de entretenimento?“... é o conjunto de actividades que os animais (e com mais criatividade, o homem) praticam sem outra utilidade senão o prazer. É o desvio do espírito para coisas diferentes das que preocupam." Ok, se é assim, podemos colocar cinema na coluna do entretenimento.

Maaaas, pessoalmente, tenho uma visão mais romântica de tudo isso. Sabe quando nossas mães nos contavam estórias pra dormir quando éramos crianças? O que sentíamos? Achávamos que podíamos voar como Peter Pan, que podíamos ser tão belas quanto a Branca de Neve ou tão malandro como o Saci. Pois bem, cinema são bedtime storys sem precisar dormir. É sonhar acordado. É aprender. É viajar. É experimentar por uns minutos um mundo que não é teu. Das comédias românticas hiperglicêmicas até os dramas à lá Clint Eastwood, dos blockbusters (Michael Bay, oi?) aos musicais de Bollywood temos a dose necessária da magia que nos faz ver além da tela branca.

Saca só como seria bom curtir a vida adoidado feito o Ferris Buller, morar no Rio e desviar de balas como o Neo ou ter um exterminador kickass só pra você! Cinema é assim, sensações misturadas e conceitos adsorvidos. É mais que válvula de escape, é magia senhoras aaaaand senhores! Corram pro cinema mais próximo ou locadora mais barata agora mesmo =)~

A troca, a verdade e a escova de dentes

Closer*por Douglas Beltrão

Não ache você que relacionamentos são receitas da Ana Maria. Pegue duas xícaras de admiração, uma colher de extrato de paciência e quatro arrobas do mais pur(t)o carinho. Misture tudo numa forma de coração untada com pó de safadeza e leve ao fogo a 270°. Agora é só esperar o amor inchar. Nem é! Se isso existisse teria que ser vendido nas farmácias e só com prescrição médica. Essa crença na perfeição do relacionamento é que frustra e aliena você Bridget Jones!

Ok, sem arrudeio. Não espere um relacionamento perfeito. Não espere uma companheira (o) perfeita. Isso não existe. Na boa, o que existe é a fucking beleza de viver com alguém e todas consequencias que vem de brinde. Olhe em volta. Veja a escova de dentes dela no mesmo lugar da sua, a toalha dele pendurada no seu cabide. A troca, caro Watson!

Sempre acreditei que tudo gira em torno da troca. A troca de sentimentos e experiências. A troca dos 'eus'. Esqueça o clichê que nos relacionamentos amorosos devemos ser capazes de dar sem pedir nada de volta. Isso não existe! Queremos ser retribuídos. A troca teria (veja bem, usei o verbo Ter e não, Dever) que ser justa. Enquanto ela houver bem, tá valendo. Seguramos relações assim. Agüentando, abusando, entendendo, complicando. Maaas, nem sempre o que se ganha é compatível com o que se oferece, certo? Ou, o que é pior, se ganha algo. Sempre tenha uma balança embaixo da cama pra esses casos. Quando não se recebe algo, eu garanto, alguém deve está se anulando. Então, que tal evitar o sofrimento, embaraço e choro futuro?

A troca não acaba, o que acaba é outra coisa. Freud e o comercial de chocolate disseram: "Nos apaixonamos por projeções das pessoas." Ok, bem verdade isso. Mas o que se passa quando essa projeção acaba? O que resta? Não é fácil, mas lá vai: A verdade, Amy, a verdade! E crua! O que realmente há de sincero naquele nosso objeto de paixão! A verdade é igual ao passado. Às vezes dura, amável, vergonhosa, engraçada, mas acima de tudo devemos entende-la. Se a dona verdade for suficiente pra você, parabéns dude! Acabasse de amadurecer e encontrar uma pessoa ideal.

É só viver ao lado. Não em cima ou dentro ou muito longe. Ao lado.