Quando 'lar' é só um sentimento

*por Douglas Beltrão

Já dizia Caio Fernando Abreu : "...cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas." Tenha coragem meu jovem. Saia de onde você está! Mova-se! Não haverá nada de bom pra você que cria raízes. Que se enterra nessa sua cidade feito batata-doce e deixa oportunidades escaparem feito galinha de capoeira no terreiro. Nem me venha com desculpas fuleiras do tipo: 'Aqui é onde minha família está' ou 'É onde fui criada'. Báh! Eles estarão contigo aonde tu fores, teu lar te acompanhará assim como eles. Lar é só um sentimento. Lar é onde tu se encontra, entende? Não fisicamente, é onde você encontra a si mesmo. Sacou, Watson?

Não sei se é o furor clichê da juventude, mas a cada dia que passa acredito que cada dia que passa sem uma nova descoberta é um dia perdido. Também não sei se é a idade passando, mas é um puta desperdício você aí...15, 20 ou 25 anos e todos os dias fazendo as mesmas coisas, falando com as mesmas pessoas, pensando (pensando?!) nas mesmas coisas. Eu não digo...Non ecziste mas a inquietação dos 1960's e 1970's.

É medinho, é?! Medo do que tu não conheces? Medo de se encontrar num lugar estranho com pessoas estranhas?! Cara, vou te contar uma: Esses dias, fui pra um festival de música 'alternativa' cheio de gente 'alternativa' com minha digníssima companheira. Pois bem, sabe um peixe fora d´água? Ela era esse peixe. E adorou! Garanto a você que pra ela, aquela experiência foi muito boa e só a enriqueceu culturalmente em todos os sentidos. Tenha medo não! Saia daí. Viaje, experimente, leia, quebre a cara, se mude, visite, peça pra passar uns dias na casa daquele amigo!

Ou é acomodação?! É?! Daqui a um tempo quando você não poder mais se desenterrar, quando se tornar atendente de butique ou um funcionário público qualquer sem iniciativa e resignado com sua situação e salário, deus te dê uma consciência leve. Por que são nesses momentos, quando a juventude acaba e oportunidades são raras, que neguinho vem dizer que devia ter aproveitado melhor a vida. Agora soh cantam Epitáfio dos Titãs. =P A bronca é que tu não quisesse fazer nada, infeliz! Não quisesse sair atrás de algo novo e bom pra você.

Conheço pessoas que, sério, elas sim sabem dar conta da dádiva que é uma vida bem vivida. Elas sim, não se enterram até os olhos em casa. Elas levam seu lar no coração. Elas são do mundo e pro mundo. Elas, ao contrário de você, não vão se tornar velhas amargas por não terem vivido. E voltando a minha digníssima companheira, com ela vi que não se deve medir esforços pra viver. Virar-se só, meter a cara no mundo, gritar nas margens do teu Ipiranga e tudo isso com responsabilidade...Não se deve prender-se patologicamente a sua família ou cidade. No fritar dos ovos elas sempre vão estar ali pra te acolher como um bom filho.

E pra encerrar com mais Caio: "É difícil aprisionar os que têm asas"

p.s. Pretensão minha criticar teus modos, né?! Maaaaaas, HEY! Esse sou eu e a idéia dessa joça chamada blogsfera é essa. E sem mais mimimi.

p.p.s. A imagem é o 1º banner que fiz pra 1ª versão deste blog. O layout original mudou tanto que nem imaginam. Na verdade, muito mais coisas mudaram não foi, nega?

1 comentários:

Valfredo Mateus disse...

Mesmo vc tendo me dito que é um texto meio encomenda, decidi comentar...

Bixo, não sei quem escreveu, não sei quem disse, nem quem citou, mas tem uma frase que resume muito isso: "o caminho da ida é o da vida, o da volta o do amor".

E eu acredito plenamente nisso. Desde os meus 14 moro fora e é em casa, minhas raízes, na cidade onde nasci, com minha família e os poucos amigos que restaram que me sinto pleno.

Liberdade?! Aqui é só mais uma vaidade de rua e quereres efêmeros.

Então, não tenho medo tampouco sou acomodado. Mas me permiti viver só um pouquinho, né?

Abraço!

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