Da cor do âmbar



* por Douglas Beltrão


Âmbar. Os olhos dela eram/são da cor do âmbar.

No trabalho, nada que venha de um monitor me faz rir genuinamente. Quer dizer, até ontem isso era verdade. Fui pego de surpresa. Sem esperar, Âmbar volta do nada da forma menos imaginável. Ela saltou com um comentário simples que fez saltar um sorriso abobado no meu rosto semi-inespressível. Ganhei o resto de Outubro.

Foi pensando nesse dia que escrevi, quase um ano atrás, o seguinte:
"Se nos separamos por desavenças, veja bem, há tempo de rasgar e tempo de costurar (...) Por mais que as desavenças tenham sido por tua causa, ou não, por mais que as palavras que te foram ditas ainda machuquem, por mais que desculpas não tenham servido...ainda assim pode haver volta. "Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente"

Se o tempo chegou, aqui. Se não, também aqui. Arremata agora, ou não.

Mas, pelo menos, deixa eu fazer uma pequena introdução -> Companheiro, Algo Lá de Cima não me perdoaria se eu resistisse a uma moça com aqueles olhos, aquela corrente no bolso, a munhequeira no punho, All-Star todo xadrezinho pintado com uma caneta Bic azul e outra Compaq preta e que não trocava o silêncio inteligentíssimo por qualquer comentário tosco. Sem falar da docura e simplicidade daqueles que acreditam que o punk não morreu. Sim eu sei, é apaixonante. Ai, ai... Mas ela era de outro. Se FÓDEU. KKKKKKKKKK... toma mané. Pára de se derreter no teclado.

Enfim, este sou eu devaneando sobre a felicidade. Dá um desconto, afinal estamos ouvindo 'Zóio de Lula' do Charlie Brown acústico. A propósito, esse acústico MTV é o melhor CD dos caras. Olha eu me perdendo DE NOVO! FOCO!

Provavelmente ela nem é a mesma que conheci anos atrás. O que é bom, não acham?! Ninguém precisa de uma âncora que te prenda 4 anos no passado. Vai ver, ela se tornou comum como as demais (NÃO!). Vai ver, ela nem entenderia o porque disto tudo...

Por mim, nunca teria saído de perto daqueles olhos. Mas, assim como os encontros, os desencontros e desentendimentos são inevitáveis. Éramos muito, muito, muito jovens (não que sejamos velhos agora), e isso é sim uma desculpa pra o que quer que tenha ocorrido. 'Ocorrido' este que eu sinceramente nem lembro o que foi. Prefiro guardar nos ventrículos só as melhores coisas. E se ela já me fez bem, o riso lá do primeiro parágrafo, entre tantos outros, foi uma das coisas mais lindas.


Certeza, Summer?


Não.


Fuck beauty contests

*por Douglas Beltrão


Outro dia, no trabalho, num momento de tranquilidade entre os telefones nervosos, Aquela soltou pra mim: "Mas ela nem é bonita!". Silêncio. Aquela só pode tá de onda comigo... Senhor Watson, desde quando beleza é item essencial da cesta básica das relações? Respondi: "E o que que tem? Ela é uma das pessoas mais inteligentes e talentosas que conheço!". E continuei a pensar que Aquela tinha dito isso só de brincadeira, afinal, somos amigos o suficiente pra isso. 10 segundos no futuro eu mudaria de ideia. Aquela virou e falou com aquele ar de quem acabou de ver uma barata amassada: "E tu fica com quem SÓ é inteligente, é?!". Desisto. Shame on you. Yeal, mostra a ela como é ser inteligente e talentosa sem ser Victoria's Secrets:


Ah, essas francesas...

Reparou naquele ''? Lê de novo: "E tu fica com quem SÓ é inteligente, é?!". Pra mim é difícil processar o fato de alguém ver isso e não ficar com o sentimento de que 'há-alguma-coisa-errada-em-algum-lugar-e-só-não-sei-onde'. Tá tudo errado, cara! Como assim tem que ser bonitão pra ser interessante. Qual é? Apenas este blog acha que ninguém SÓ vale o que parece, ou o que veste, ou o que bebe? Ah tá, então quer dizer que o boyzinho, bombadinho, do cabelo bom, motorizado, que faz Administração numa Faculdade Farofa, que só toma Red Bull com Red Label, que só anda na beca das brand t-shirts tem mais condições de conseguir aquele estágio do que o cara comum, que veste roupas da C&A, que graças ao ProUni faz Administração na mesma Faculdade Farofa, que tem que cronometrar a chegada na parada pra não perder o bus e que não bebe por que não tem $$ ? Má vá dá meia hora de C.U.

Eu vi em algum lugar o seguinte trecho:

You Don’t Have to Be Pretty. You don’t owe prettiness to anyone. Not to your boyfriend/spouse/partner, not to your co-workers, especially not to random men on the street. You don’t owe it to your mother, you don’t owe it to your children, you don’t owe it to civilization in general. Prettiness is not a rent you pay for occupying a space marked “female”.

Entre a aberração que é alguém só ver a beleza nos cabelos escovados e a Lily Allen com seus três mamilos cantando Womanizer, eu prefiro a segunda opção. Ao menos ela canta muito. Faz algo de bom e agrada os outros. Enquanto você - é, eu estou olhando pra você - só vive reclamando do seu chefe e não produz nada de útil durante as horas que passa conversando bosta com as amigas(os) na Internet. Modelozinho pré-moldado por pais super protetores que mimam ao invés de deixar cair pra sentir o cimento ralar o joelhos e perder a vaidade. Lily, mostra pra eles, e descalça:




Aaaah Aquela...Se tu não fosse tão limitadinha e não tivesse esse ar azedo antipático de patricinha do outro lado da Ponte do Pina que nunca pegou um Camaragibe/Derby lotado numa Segunda Feira, eu pegava fácil!


À quem eu engano...pego de todo jeito, azeda ou doce, afinal, que bundzinha é aquela, meu pai!!