Where'd all the good people go

*por Douglas Beltrão

Recentemente esse que vos escreve tomou conhecimento de uma nova rede social. Uma rede de relacionamentos decente chamada Skoob. "O skoob foi construído ao som de "Good People", Jack Johnson, e pretende ser a resposta à pergunta feita na música: 'Where'd all the good people go?', 'Para onde todas as pessoas boas foram?'. Aqui é o lugar para onde as pessoas boas foram e onde elas se encontram. O skoob é o local onde você diz o que está lendo, o que já leu e o que ainda vai ler, seus amigos fazem o mesmo e assim, todos compartilham suas opiniões e críticas". Enfim, interagem entre si tendo o gosto pela leitura como intermediário. Assim, une de forma inteligente a interatividade da web 2.0 com a tradição da boa leitura. É isso ai... =) Ein?! Mas que tradição?!

Tradição o escambau, vamos concordar?! De acordo com uma pesquisa do Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê cerca de 1.8 livros por ano. Média muito baixa comparada aos 10 livros por ano dos franceses, por exemplo. Sabe o que são 1.8 livros? Na minha opinião um livro de auto ajuda qualquer e um romancezinho água com açúcar que não foi concluído. Radical? Tá, posso até estar sendo. Mas isso não anula o fato que a maioria da população nacional tem um bloqueio para literatura. Perguntados sobre o porquê de ler, cerca de 26% dos entrevistados disseram que leitura significa conhecimento. O mesmo percentual não responde a pergunta ou não sabe opinar. Putamerda, uma entre cada quatro pessoas não faz a menor idéia sobre o papel da leitura. WTF?!

Cara, muitos fatores contribuem pra essa ignorância. Fatores econômicos até. Estamos num Terceiro Mundo que nem o Esqueleto quer invadir, não temos acesso a bibliotecas razoáveis, temos que desembolsar mais de 25 reais pra comprar um bom livro, blá, blá...Maaaas, a questão é social e vem lá de baixo.

Paradidáticos. Esse costume que as escolas têm de enfiar goela adentro os 'clááááássicos' da literatura brasileira é de lascar. Aposto que muitos aqui não conseguiram passar da trigésima página de Macunaíma ou concluir Dom Casmurro (sim,elachifrou!). Quando um(a) aluno(a), que o único contato com leitura se resume a Playboy ou a Capricho, abre por obrigação uma obra como Sagarana, no mesmo instante, forças do além cauterizam minuciosamente a parte do seu cérebro capaz de sentir prazer naquele ato. Tem que haver toda uma preparação, caro Watson.

Leitura é um processo lento que tem que vir da infância e de maneira fácil. Tem que ser influenciada pelos pais, pelos educadores. A criança tem que ver o exemplo de perto pra absorver por osmose. Monteiro Lobato tá ainda por aí e nunca foi abandonado. Os Monstros da Academia criticam tanto autores como Paulo Coelho por simples inveja (ui!). Paulo consegue o que todos aqueles autores presentes na Semana de Arte Moderna nunca conseguiram: prender leitores diante de suas páginas sem nenhum pingo de sono. Da mesma maneira, Harry Potter vem criando nos últimos dez anos uma geração cada vez mais interessada em viajar na tinta e papel. Concorde quando digo que o bruxo tem um valor imenso para as próximas gerações. Ele foi o primeiro a impulsionar de forma correta e agradável o gosto pela leitura de muita criança que hoje em dia devora livros e mais livros. Admito, e isso vai doer mais em mim do que em vocês, que a saga de Crepúsculo está no mesmo caminho e agradeço a ela por tirar esse povo todo - leia-se meninas frescurentas e/ou sonhadoras - da frente da TV por uns instantes. O vampiro purpurinado tem lá seus méritos afinal.

Fui criado com livros servindo até de calço pras mesas, nem todos tiveram essa sorte e as conseqüências disso. Mas iniciativas como o Skoob facilitam o acesso à literatura imensamente, lá pessoas podem até trocar livro entre si. E outra, a internet ta ai e as cópias em PDF também. Tudo é válido quando precisamos formar urgentemente cidadãos críticos e que saibam ao mínimo o papel da leitura, interpretar um texto ou escrever de forma decente.

p.s No skoob
p.p.s Só pra constar, já repararam na cara de meFoda! que a Bella tem nos filmes?! oikristenstewart! =P

O quanto da Natureza Selvagem se perdeu


*por Douglas Beltrão

Eu não vivo como deveria. Você não vive como deveria. Temos sérias chances de deixar de viver sem Viver.

Definitivamente esse tipo de pensamento não estava rondando meu cérebro antes de assistir, com dois anos de atraso, Na Natureza Selvagem (Into the Wild). Dirigido pelo fodão Sean Penn, ele nos apresenta a Chris McCandless. Um jovem vindo de uma família desestruturada, recém formado, ingênuo, inundado de Tolstói e Thoreau que abandona tudo para partir em uma viagem pelo México, EUA e Canadá até o Alasca em busca de nada mais, nada menos que Viver 'in wild'.

Um típico roadmovie onde o personagem principal em dois anos anda por mais lugares que eu nos meus vinte, conhece muito mais pessoas marcantes que eu e você e descobre como alcançar a felicidade isolado em pleno inverno canadense. O foco desse texto não é o brilho óbvio de como alcançar a felicidade e sim o quanto de 'selvagem' não temos.

A pergunta é 'Quantos'. Quantos lugares novos você conheceu no último semestre? Dois, três no máximo? Quantas pessoas realmente interessantes passaram por você no ultimo ano? O quanto você se permite?

A maioria das pessoas passa pela juventude adestrada como animais, que só deitam, rolam e fingem de morto. O sentimento aventureiro dos jovens hippies que se alastrou no anos 60's e 70's, a revolta sem/com causa dos punks da década de 80, o grunge e a fuga/busca da melancolia nos anos 90's sequer afetaram a geração do novo milênio. Os anos 2000 não formaram pessoas tão interessantes quanto as décadas passadas. Somos uma geração sem grandes guerras, sem ídolos e sem propósito. Uma geração que vive embaixo da saia da mamãe. Os jovens tem como cinema 'As Branquelas' e 'American Pie'; literatura é resumida a Crepúsculo & Cia; a internet, maior meio de comunicação e conhecimento, se encolhe num orkut.com; e a televisão... bem, nem precisamos comentar (malhação,essafoicomvocê).

Muitos acreditam na fórmula mágica do Futuro Seguro: Faculdade+Emprego+Casa+Família = Felicidade. Maaaaas, bravos e poucos são os que não se afetaram por esse sedentarismo mental. Poucos os quais enxergam que a única forma de virar gente de verdade é experimentando. Experimentando a curiosidade, a dúvida, o desconhecido, o selvagem, o eu. Veja bem, ninguem nega a lógica dA Fórmula do Futuro Seguro, mas só derivamos dela a necessidade do Experimentar. Do ver, do ler, do sentir, do ouvir e do se desprender.

Exercício mental: Quantas coisas novas você aprendeu nesses meses? Falo de coisas úteis, 'orgulhantes'. Quantos livros você já leu? Quantos objetivos você tem hoje que decididamente vão ser alcançados, custe o que custar? Quantas convicções morais você tem hoje, no auge dos seu 15, 20 ou 30 anos? Quais são seus ídolos? O quanto você pensa?

p.s. Não confunda o que se diz aqui com falso moralismo ou falsa indignação. Tudo não passa de um post pretensioso.

O que é o Cinema afinal?


*por Douglas Beltrão

"Bem vindo ao mundo espetacular do cinema!" É com essa frase que o RapaduraCast traduz nosso sentimento ao adentrar naquela sala escura, fria e cheirando a mofo (tá, nem todas fedem). Por muito tempo tentei definir por que nos atrai tanto os filmes. Nunca cheguei a uma conclusão satisfatória até descobrir que Cinema é a segunda indústria mais rentável do mundo, perdendo apenas para a de Jogos (hail, Guitar Hero!).

Ora, caro Watson, somamos dois+dois e encontramos uma resposta: entretenimento. Essa é a proposta dos filmes e jogos, correto?! Não sei. Qual a definição de entretenimento?“... é o conjunto de actividades que os animais (e com mais criatividade, o homem) praticam sem outra utilidade senão o prazer. É o desvio do espírito para coisas diferentes das que preocupam." Ok, se é assim, podemos colocar cinema na coluna do entretenimento.

Maaaas, pessoalmente, tenho uma visão mais romântica de tudo isso. Sabe quando nossas mães nos contavam estórias pra dormir quando éramos crianças? O que sentíamos? Achávamos que podíamos voar como Peter Pan, que podíamos ser tão belas quanto a Branca de Neve ou tão malandro como o Saci. Pois bem, cinema são bedtime storys sem precisar dormir. É sonhar acordado. É aprender. É viajar. É experimentar por uns minutos um mundo que não é teu. Das comédias românticas hiperglicêmicas até os dramas à lá Clint Eastwood, dos blockbusters (Michael Bay, oi?) aos musicais de Bollywood temos a dose necessária da magia que nos faz ver além da tela branca.

Saca só como seria bom curtir a vida adoidado feito o Ferris Buller, morar no Rio e desviar de balas como o Neo ou ter um exterminador kickass só pra você! Cinema é assim, sensações misturadas e conceitos adsorvidos. É mais que válvula de escape, é magia senhoras aaaaand senhores! Corram pro cinema mais próximo ou locadora mais barata agora mesmo =)~

A troca, a verdade e a escova de dentes

Closer*por Douglas Beltrão

Não ache você que relacionamentos são receitas da Ana Maria. Pegue duas xícaras de admiração, uma colher de extrato de paciência e quatro arrobas do mais pur(t)o carinho. Misture tudo numa forma de coração untada com pó de safadeza e leve ao fogo a 270°. Agora é só esperar o amor inchar. Nem é! Se isso existisse teria que ser vendido nas farmácias e só com prescrição médica. Essa crença na perfeição do relacionamento é que frustra e aliena você Bridget Jones!

Ok, sem arrudeio. Não espere um relacionamento perfeito. Não espere uma companheira (o) perfeita. Isso não existe. Na boa, o que existe é a fucking beleza de viver com alguém e todas consequencias que vem de brinde. Olhe em volta. Veja a escova de dentes dela no mesmo lugar da sua, a toalha dele pendurada no seu cabide. A troca, caro Watson!

Sempre acreditei que tudo gira em torno da troca. A troca de sentimentos e experiências. A troca dos 'eus'. Esqueça o clichê que nos relacionamentos amorosos devemos ser capazes de dar sem pedir nada de volta. Isso não existe! Queremos ser retribuídos. A troca teria (veja bem, usei o verbo Ter e não, Dever) que ser justa. Enquanto ela houver bem, tá valendo. Seguramos relações assim. Agüentando, abusando, entendendo, complicando. Maaas, nem sempre o que se ganha é compatível com o que se oferece, certo? Ou, o que é pior, se ganha algo. Sempre tenha uma balança embaixo da cama pra esses casos. Quando não se recebe algo, eu garanto, alguém deve está se anulando. Então, que tal evitar o sofrimento, embaraço e choro futuro?

A troca não acaba, o que acaba é outra coisa. Freud e o comercial de chocolate disseram: "Nos apaixonamos por projeções das pessoas." Ok, bem verdade isso. Mas o que se passa quando essa projeção acaba? O que resta? Não é fácil, mas lá vai: A verdade, Amy, a verdade! E crua! O que realmente há de sincero naquele nosso objeto de paixão! A verdade é igual ao passado. Às vezes dura, amável, vergonhosa, engraçada, mas acima de tudo devemos entende-la. Se a dona verdade for suficiente pra você, parabéns dude! Acabasse de amadurecer e encontrar uma pessoa ideal.

É só viver ao lado. Não em cima ou dentro ou muito longe. Ao lado.