E vamos parar com essa conversación?! Não tiene sentido mais. Melhor fugir deixando uma lembrança buena, um postal numa gaveta, uma calcinha furada debajo de la cama, uma fotografia impressa naquela HP Color DeskJet 5550 – cualquier coisinha que depois de algum tempo, depois que toda confusión estiver longe, a gente possa mirar e sorrir, mesmo sem saber direito por quê. Ok?
Caio Fernando Abreu escreveu algo parecido. Isso não é nada original. Então, como eu te dizia, outro dia eu tava com meu violão tendando me convencer que ainda sei tocar alguma coisa e me veio o seguinte pensamento: Se o Pinóquio dissesse que o nariz dele vai crescer agora, o que aconteceria?
Tu nunca conseguiu tocar la guitarra.
Ah, vai dizer que não é um paradoxo interessante?! Igual ao pato Donald se enrolar na toalha depois do banho. Ele já não usa calças mesmo! E o Bob Esponja tomando banho com aquela espuma toda com o Gary?!
Você habla muito sobre nada. Não me deixa hablar também, nunca pergunta minha opinião. Corazón, deixa te explicar, eu estava conversando com meu amigo Rubem Alves e ele me disse: A gente ama não é una persona que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.
Você ainda me chama de coração.
Pero no quiere dizer nada más.
Lembra quando eu disse que era caidinho por você?
Claro que sí: num torpedo de 133 caracteres.
É. Foi. (risos)
Quando foi que usted passou de nerd tímido pra um falastrão cuzão?!
Tá com raiva?
Não! Claro que não!
Ah sim, por que parece. Você tá chorando e tu só chora de raiva. Tá parecendo que teus olhos não duas tempestades de Iansã.
Iansã-quê?!
Iansã, Rainha dos raios, senhora das tempestades, Iansã ou Oyá é a única das deusas do candomblé que tem poder sobre os Eguns...deixa pra lá.
As vezes te acho tão extraño. Da onde tú tira estas coisas?!
Estranho?! Você que tem todas as estranhezas que essa relação podia ter. Lembra o que tu me falou antes de irmos pra cama pela primeira vez?
Não foi bem numa cama. Foi no colchão inflável do Júlio.
Lembra ou não?!
Lembro não. Perdón.
Tu disse assim: Agenor, você necesidad de tirar essa barba. Elas fazem mal para minhas pernas. Eu perguntei se arranhavam muito e você disse que não. Era por que elas se abriam muito facilmente.
Eu era uma puta. (risos)
Enfim, é melhor você ver esse vídeo aqui pra a gente acabar com esse clima chato.
....
Bueno.
Então tá. Acho que ficamos assim. A gente se encontra por aí.
Sim, sim. Me desculpa?
Não tem do que se desculpar. Depois passa lá em casa pra pegar o que sobrou. Teus livros, os discos dos Beatles e do Noel.
Bien, então.
Rita, só mais uma coisa: Eu vou ficar bem, não se preocupa. As cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas.
Adiós.